Tratamento de superfície: Projeção de crescimento para 2023

Passados os efeitos mais duros da pandemia, algumas empresas de tratamento de superfície projetam crescimento de 10% a 30% em 2023.

A expectativa é baseada em projetos oriundos da construção civil, indústria automotiva, eletrodoméstico, petróleo e gás.

Mas a retomada ainda é tímida, em parte devido a gargalos no suprimento de insumos, além da elevação dos preços, o que tem gerado incertezas no mercado.

Algumas companhias têm procurado acelerar o ritmo dos seus negócios diversificando o portfólio, inclusive visando se adaptar às pressões socioambientais em defesa de uma economia de carbono zero.

Os setores onde é crítica a necessidade de proteção dos ativos das empresas contra a corrosão e abrasão são os que vêm puxando o crescimento do tratamento de superfície com maior intensidade.

É o caso das indústrias de prospecção de petróleo e gás, cujas máquinas e equipamentos não podem parar, sob pena de comprometerem o fluxo contínuo da produção.

O exemplo foi citado por Hélio Queiroz, gerente geral da SuperFinishing, especializada em tratamentos superficiais em metais, ferrosos ou não ferrosos, como aço e alumínio.

“Hoje, entende-se que a corrosão e a poluição são processos prejudiciais inter-relacionados, que causam prejuízos incalculáveis anualmente à economia mundial”, argumenta o executivo.

A substituição de importações em parte da área de metalmecânica também vem contribuindo para a melhoria do desempenho dos processos de tratamento de superfície.

A demanda surge por conta da nacionalização de componentes e ferramentas que até então eram importados, observa Gláucio Sansonas, gerente técnico da Isoflama, focalizada em nitretação iônica (plasma), um dos processos de tratamento mais poderosos e ambientalmente amigáveis.

O agronegócio também tem se destacado com aumento de produtividade e inovação nos acabamentos superficiais, informa Airi Zanini, coordenador do Ebrats (2022) – Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície, da ABTS (Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície).

O objetivo, segundo ele, é buscar melhorias em proteção. Zanini também referiu os carros elétricos, devidos às grandes mudanças tecnológicas que incorporam, bem como outros fatores de mercado que, segundo ele, são favoráveis aos tratamentos de superfícies.

Trata-se da confiabilidade em fornecedores estruturados, com acento na qualidade dos produtos, forte know-how e assistência técnica premium.

De fato, seus argumentos são corroborados por alguns empresários que citam também a interação com clientes e oferta diversificada.

Atuando em processos galvânicos desde 1964, a empresa tem procurado aprofundar o relacionamento com clientes mediante a prestação de serviços de assistência técnica e pós-venda, além de parcerias com fornecedores, explica Melissa.

Estratégia semelhante é adotada pela Henkel, globalmente dedicada a processos para pintura metálica, cuja equipe técnica, externa e interna, atende desde um start de linha até resoluções de problemas do dia a dia dos clientes, como relatou Cesar Barbieri, chefe de vendas no Brasil.

A empresa também dispõe de um centro técnico com laboratório alinhado às necessidades do mercado e capacidade de desenvolver produtos sob demanda, para diversos segmentos.

Por sua vez, o centro técnico da SurTec, igualmente equipado com laboratório e vínculo com o mercado, funciona junto às instalações da fábrica da empresa, localizada em Valinhos-SP.

Para o gerente de vendas Alcir Bertozzo, essa interface entre planta e laboratório acaba favorecendo a companhia, ou seja, representa um diferencial competitivo em relação aos concorrentes.De acordo com seu raciocínio, o perfil da estrutura de produção da companhia eleva sua confiabilidade, operando como um elo seguro na cadeia de suprimentos de clientes das indústrias automotiva, de transporte e construção, por exemplo.

Vale relembrar que, de um lado, esses segmentos vêm sustentando parte do crescimento do tratamento de superfície, e de outro, sua demanda gira em torno de 20 a 30% da produção da SurTec, segundo informou.

Por razões até históricas, a Boreto & Cardoso, fornecedora de matérias-primas utilizadas no pré-tratamento químico e eletroquímico de superfícies, também se considera parte da cadeia de suprimento de seus parceiros.

Além de estar neste mercado há 50 anos, a empresa diz colocar em prática sempre o primado da qualidade e transparência, desde a compra de matérias-primas até a distribuição dos produtos para o cliente final, segundo a sócia-diretora Eliane Matos.

Graças a essa relação ganha-ganha com os clientes, ela acrescenta que os resultados estão aparecendo, tanto que a companhia aposta em um crescimento de 30% em 2023 e já se prepara para este novo ciclo.

Além de planejar melhorias tecnológicas no parque industrial, pretende ampliar a capacidade de armazenagem de produtos, por meio da construção de um novo galpão com 3 mil m².

Mas não há consenso entre os entrevistados sobre cenário e perspectivas para o ano que vem. Sansonas, da Isoflama, diz que, no geral, a empresa vem registrando encomendas este ano em nível acima da procura de 2021, mas ainda dentro do estimado por seu planejamento estratégico.

Barbieri, da Henkel, espera fechar este ano com um acréscimo de 10% nas vendas, mesmo patamar de 2021, mas preferiu não arriscar em relação ao futuro.

Queiroz, da SuperFinishing, acredita na possibilidade de haver um crescimento de 20%, em 2023.

Mas hoje, segundo ele, “há fatores externos atípicos que afetam a economia global”. Melissa Souza, da Dileta, disse que diante da conjuntura atual, ainda com rescaldo da pandemia, se houver algum crescimento em 2022, “será muito modesto”. Contudo, ela acrescenta que “em 2023, haverá diversas retomadas”.

Metais ferrosos e não ferrosos são a base da eletrodeposição

Os substratos metálicos representam uma espécie de carro-chefe entre os tratamento de superfícies.

Em sua maioria, as empresas desse segmento escolhem a rota tecnológica segundo critérios estruturais, econômicos e técnicos.

Mas no caso dos plásticos, a opção ocorre por conta do perfil e inserção de mercado de determinadas empresas.

Tecnicamente, este aspecto é que distingue a representação de um ou de outro substrato nesse mercado.

No geral, as superfícies de plástico são estéticas e não funcionais (desempenhos diversos), diz Pintaude, que também é coordenador do Programa de Empreendedorismo do Campus Curitiba UTFPR.

Os segmentos de metais sanitários e ferragens feitos de zamak, em substituição ao latão, são os que têm maior representatividade em tratamento de superfícies, informa Airi Zanini, da ABTS.

Coincidentemente, neste mesmo setor há um aumento significativo dos plásticos, por causa do design, acrescenta Zanini, lembrando que os custos impactam cada subsegmento de forma distinta.

O aço e o alumínio são destaques entre os substratos tratados pela Henkel, dentre os quais a representação dos metais supera 95%, informa o chefe de vendas Cesar Barbieri.

O portfólio da companhia é constituído por todas as linhas de tratamento de superfícies.



FONTE: Tratamento de superfície: Projeção de crescimento para 2023 (quimica.com.br)




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